quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Na defesa da indústria nacional

Diante do cenário difícil em que o setor de máquinas e equipamentos enfrenta, a ABIMAQ continua envidado todos os esforços para reverter essa situação. Para isso, a entidade esteve reunida com o governo, federações e entidades de classe

“A indústria está passando pela pior crise dos últimos 80 anos”, afirma João Carlos Marchesan, presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ. Para mudar esse quadro caótico, a entidade intensificou as ações no sentido de minimizar a crise que está destruindo a indústria de transformação. 

Para esse fim, a ABIMAQ se reuniu em outubro e no início de novembro com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Petrobras, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as secretarias de Política Econômica e de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, a Secretária de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), além de entidades de classe e federações.

Coalizão Óleo e Gás

Com o objetivo de alertar o governo quanto aos impactos que poderão ser causados na cadeia de fornecedores em decorrência de mudanças que estão sendo anunciadas na Política de Conteúdo Local (PCL) do setor de petróleo e gás, a ABIMAQ uniu esforços com federações de indústria e entidades setoriais e encaminhou uma carta para Marcos Pereira, ministro do MDIC . 

No documento, as entidades participantes colocaram que a retirada do índice de Conteúdo Local pode vir a significar o retrocesso nos avanços obtidos no segmento. Também expôs que as empresas brasileiras devem ter o direito de participar das licitações das companhias de petróleo nas mesmas condições das empresas estrangeiras.

Além disso, no ofício foi ressaltado que quaisquer medidas que impliquem em mudanças na PCL somente sejam feitas depois de se ouvir as entidades pertencentes à cadeia de fornecedores do setor de petróleo e gás. 

Em função da carta, os participantes da coalizão se reuniram em audiência com Marcos Pereira no dia 03 de novembro, em Brasília. Na ocasião, José Velloso relatou que na hipótese do Conteúdo Local não ser considerado política industrial, o Brasil vai perder mais de 1,5 milhão de empregos na cadeia produtiva, além de deixar de gerar imposto e renda para o país: “A ABIMAQ acredita que pode conseguir reverter essa situação”. 

Na audiência, Marcos Pereira expôs que o MDIC está convencido da importância do Conteúdo Local no setor de óleo e gás. 

A ABIMAQ prometeu ajudar a pasta na divulgação das vantagens do Conteúdo Local para o país. “Vamos usar como argumento que foram investidos na indústria fornecedora de máquinas e equipamentos e demais produtos do setor de óleo e gás aproximadamente 60 bilhões de Dólares nos últimos dez anos e que não podemos perde a PCL”, afirmou Cesar Prata, vice-presidente da ABIMAQ, também presente na reunião.

Associação Brasileira de Consultores de Engenharia (ABCE), Associação Brasileira de Engenharia Industrial (ABEMI), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), Associação Brasileira da Indústria de Tubos e Acessórios de Metal (ABITAM), Instituto Aço Brasil (IABR), Sindicato das Indústrias da Construção e Reparação Naval e Offshore (SINAVAL), Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Câmara de Óleo e Gás da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), Federação da Indústria do Estado de Santa Catarina (FIESC) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) são as entidades participantes.



Rio Oil & Gas

Na cerimônia de abertura da 18ª edição da Rio Oil & Gas 2016, José Velloso, Cesar Prata e Alberto Machado, diretor de Petróleo, Gás, Bionergia e Petroquímica, tiveram a oportunidade de se reunir com Pedro Parente, presidente da Petrobras, para exporem  a necessidade de solucionar os problemas de inadimplência das empresas EPCistas e a importância do Conteúdo Local no setor de óleo e gás. 

“Colocamos para o Pedro Parente também que é preciso dar continuidade aos investimentos paralisados a fim de que os fabricantes de máquinas possam prosseguir na fabricação dos equipamentos que ficaram parados na manufatura em função de toda crise da estatal”, informa Velloso.

ONIP

Na reunião do Conselho Deliberativo da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), o presidente executivo da ABIMAQ salientou que, caso o governo mude a regra de Conteúdo Local para os futuros leilões do pré-sal e pós-sal, vai sinalizar uma péssima imagem para os investidores que acreditaram no Brasil: “Vai também mostrar ao mundo que o país quebra as regras conforme muda o governo e isso seria muito ruim para o Brasil”. 

Apesar da crise atual, o Brasil tem hoje uma carteira de pedidos que pode ser encomendada pela Petrobras e pelas demais companhias de petróleo na ordem de 250 bilhões de Dólares. “O país não pode se dar o luxo de jogar isso fora. Tem que aproveitar essa carteira porque nos demais setores da economia não existe demanda para investimento. Seria uma loucura abrir mão disso”, afirma Velloso.

Na ocasião, Moreira Franco elogiou o aguerrimento da ABIMAQ na defesa da indústria nacional e pediu que a associação continuasse na luta. Também mencionou que o Brasil não pode abrir mão do Conteúdo Local.  

Para Velloso, existe um movimento muito forte, capitaneado pela Petrobras, pelo fim do Conteúdo Local: “A estatal está preocupada a voltar a dar lucro, retomar a sua curva de produção de petróleo e colocar a empresa em grau de investimento, pouco se importando no que pode acontecer com seus fornecedores, com os empregos que já foram destruídos e aqueles empregos que poderão vir a ser fechados. Nesse sentido, a ABIMAQ está envidado todos os esforços para reverter essa situação”. 

O encontro contou com a presença de Solange Guedes, diretora executiva de Exploração e Produção da Petrobras, Márcio Félix, secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Moreira Franco, secretário-executivo do Programa de Parceria em Investimentos da Presidência da República, Jorge Camargo, presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Eloi Fernandez, diretor da ONI, entidades de classe e federações. 

Secretaria de Acompanhamento Econômico

Em audiência com Mansueto de Almeida e Pedro de Miranda, respectivamente, secretário e subsecretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, a ABIMAQ abordou a importância do capital de giro, financiamento de longo prazo e de juros compatíveis para que as empresas consigam atravessar a crise até a retomada do crescimento.

Na oportunidade, a Secretaria de Acompanhamento Econômico reconheceu que o Brasil precisa de uma política econômica no sentido de que o setor sobreviva à crise até que o país consiga encontrar o caminho do desenvolvimento econômico.
A entidade aproveitou também o encontro para falar da importância do Conteúdo Local.

BNDES

Durante reunião de Maria Silvia Bastos Marques, presidente do BNDES, realizada na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), José Velloso, presidente executivo da ABIMAQ, relatou a necessidade de garantir que o FINAME prossiga e com melhores condições: “É essencial que haja a cobertura dos financiamentos e um prazo mais alongado a fim de ajudar as empresas do setor a saírem da crise. O apoio do BNDES é fundamental neste momento”. 

A diminuição do spread bancário também foi outro pleito da entidade. “A Maria Silvia concordou que o spread bancário nas operações de FINAME estão altos e que algo deve ser feito”, disse Velloso. 

A ABIMAQ também colocou que o BNDES deveria criar linhas de financiamento para reestruturação das empresas em dificuldade, colocar em prática o programa Refin (refinanciamento das dívidas), incentivar o uso das linhas de capital de giro e melhorar as condições do cartão de crédito do banco. 

Maria Silvia antecipou que está junto com o governo procurando formas de o BNDES fazer financiamento para empresas que não tenham a Certidão Negativa de Débito (CND).

Secretaria de Política Econômica

Para apresentar uma agenda emergencial e de competitividade e mostrar o desempenho da indústria de bens de capital mecânicos, a ABIMAQ se reuniu com Ivandré Montiel da Silva, secretário-adjunto de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda. 

Mario Bernardini, diretor de Competitividade da ABIMAQ,  destacou que o principal motivo do país não desenvolver é a baixa taxa de investimento, que este ano deve ficar em 16,9% do PIB: “Para o Brasil voltar a crescer  acima de 2% a 3%, é preciso investir na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF)”. 

A perda de market share no consumo aparente brasileiro de máquinas e equipamentos foi outro ponto ressaltado. “Em 2.000, o Brasil tinha uma participação de 65% de equipamentos nacionais. Hoje, o índice é de 44%”. 

No encontro foi mostrado o impacto gerado pela indústria de bens de capital com relação aos demais setores da economia, conforme tabela ao lado.

Segundo Bernardini, os investimentos produtivos tiveram sua participação na economia reduzida gradativamente ao longo dos últimos anos: “No entanto, o coeficiente de penetração dos importados aumentou de 35%, em 2000, para 56%, no último ano (2015).

O diretor de Competitividade da ABIMAQ afirmou ao secretário-adjunto que o setor é considerado como estratégico ao desenvolvimento econômico, por ter papel chave na expansão do crescimento, já que é o principal responsável no aumento da produtividade de todos os setores econômicos, incorporando avanços tecnológicos nos bens de produção.

De acordo com Mario Bernardini, a indústria de transformação é o segundo segmento com maior poder de encadeamento para trás: “Para cada demanda adicional de uma unidade monetária de máquinas e equipamentos, são geradas na economia outras 3,3 unidades de produção e são empregadas 28 pessoas, considerando os efeitos diretos, indiretos e renda”.

“A ABIMAQ vai continuar todos os esforços no sentido de mostrar a real situação da indústria de transformação brasileira até que haja a retomada do crescimento e o setor volte a ser competitivo” 

José Velloso

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