segunda-feira, 13 de julho de 2020

Pesquisa da ABIMAQ revela que as dificuldades no acesso do capital de giro prevalecem


“Essa é a terceira edição da sondagem ‘Impacto da pandemia da Covid-19’, realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) na semana do dia 19 de junho a 30 de junho, junto aos seus associados. Desta vez procuramos reunir informações sobre status da carteira de pedidos, atividade produtiva, faturamento e exportação da indústria brasileira de máquinas e equipamentos e também relacionadas às fontes de recursos utilizadas para fazer frente à crise”, explica José Velloso, presidente executivo da ABIMAQ. 

Com relação ao impacto da pandemia na atividade produtiva, a pesquisa revelou que apenas 25,5% das empresas estão com atividades paralisadas. Entre os motivos estão: interrupção por iniciativa própria (15,7%) e suspensão das atividades por força da lei (9,8%).

Entre as empresas que estão operando, a maioria informou estar atuando com estrutura produtiva reduzida (30,4%). A maioria, 44,1% das fabricantes disseram estarem trabalhando normalmente. “Observa-se que parte importante das empresas com atividades paralisadas na primeira sondagem já teve sua atividade normalizada”, ressalta Velloso. 

Nos próximos 60 dias, se mantido o atual cenário, 64,1% das empresas manterão suas atividades e 26,2% aumentarão. “Isso significa que 90,3 % das empresas pretendem estar em atividade nos meses de julho e agosto”, destaca presidente executivo da ABIMAQ. 

Segundo a sondagem, a falta de carteira de pedidos e ou sua redução prejudicou a atividade das empresas de máquinas e equipamentos. Mas os impactos no encolhimento da atividade vieram também do desabastecimento de insumos e componentes utilizados no processo produtivo. “É necessário ficar atendo a esses desequilíbrios de mercado, o setor de máquinas e equipamentos está presente nas cadeias mais essenciais do país. Na cadeia de alimentos, por exemplo, o setor oferece as mais altas tecnologias de irrigação, plantio, colheita, armazenamento de grãos, processamento e embalagem de alimentos e bebidas. É preciso, portanto, garantir que todos os elos estejam rígidos para que o país não sofra com qualquer tipo de desabastecimento”, alerta Velloso. 

FATURAMENTO

Sobre o faturamento, a pesquisa identificou que apenas 22,3% das empresas fabricantes de máquinas e equipamentos registraram queda seu faturamento durante do mês de junho. Em relação ao mês de maio de 2020 a perspectiva de novo crescimento, desta vez de 4,6%. Em relação ao faturamento realizado em 2019, portanto anterior à pandemia da covid-19, a expectativa de redução de 13%. 

Para os próximos meses (julho, agosto e setembro), o número de empresas que espera recuperação do faturamento é grande (90%), mas a níveis inferiores aos observados em 2019. Na comparação com o mês anterior, em média a expectativa é que em julho o crescimento seja de 4,5%, agosto deve registrar pequena contração (-0,7%) e setembro crescimento de 6,2%. “Este cenário vem refletindo em adiamento e cancelamento de projetos de investimento o que impactará no faturamento das empresas de máquinas e equipamentos ao longo deste ano”, relata Velloso. 

MÃO DE OBRA 

Perguntado para as empresas sobre as estratégias a ser adotada a fim de conservar o emprego durante o mês de julho, a maioria informou ter disposição em manter a atividade normalmente (73,9%). Já 10,4% disseram pretender reduzir de jornada,6,6% conceder férias e 3,3% utilizar banco de horas. Apenas 1,3% das indústrias informaram terem a intenção de demitir durante o mês de julho e 0,6% adotar lay-off. “É preciso atenção a este tema porque o quadro de contaminação tem se alterado rapidamente e forçado regiões e setores a revisarem emergencialmente suas estratégias de atuação”. 

Para o presidente executivo da ABIMAQ, esta é uma crise sem precedentes, que vem atacando a economia em muitas frentes, mas o emprego e a renda precisam ser preservados. “É necessário apoio financeiro mais intenso às indústrias nacionais para que elas possam preservar sua mão de obra e ficarem preparadas para voltar aos negócios o mais rápido possível quando a crise acabar”, afirma presidente executivo da ABIMAQ”. 

CAPITAL DE GIRO

Entre as empresas fabricantes de máquinas e equipamentos, 57,7% disseram que precisam de recursos do sistema financeiro para cumprir suas obrigações com fornecedores, governo, salários e bancos. Mas, apenas 23% fizeram uso de capital de giro adquirido neste mercado durante o mês de junho. 

Entre as indústrias que procuraram e não conseguiram o acesso ao crédito, os motivos alegados foram: linhas de financiamentos estavam com taxas de juros elevadas (27,6%), excesso de exigência de garantias (22,4%), excesso de burocracia (20,7%) e período de carência curto (3,4%). 

Segundo presidente executivo da ABIMAQ, o capital de giro, até o momento, continua como a maior deficiência das indústrias. “A liquidez que foi oferecida pelo Tesouro ao sistema financeiro ainda está empoçada, o pouco recurso que fluiu ao setor produtivo vem a taxas que a indústria tem poucas condições de assumir”.

CARTEIRA DE PEDIDOS

A prévia do mês de junho indica crescimento na carteira de pedidos da indústria de máquinas e equipamentos de 3,2% contra queda de 5,7% registrada em maio. A carteira de pedidos prevista para o mês de junho será suficiente para suprir a atividade por 9,5 semanas, ou pouco mais de dois meses. Para 17,6% das empresas houve adiamento dos projetos unilateralmente por parte do cliente, que resultou numa redução de 12% da carteira destas empresas. Para 11,4% houve cancelamento de pedidos, neste caso o corte foi de 5,1% da carteira.

“Nosso setor atende às diversas atividades da economia, com isso os impactos da pandemia vêm ocorrendo de forma bastante irregular. Os segmentos que atendem à indústria de bens de consumo não durável, que são as máquinas para alimentos, para embalagens e plásticos estão com bom desempenho, mas os que atuam com a indústria de transformações e especificamente com a indústria automobilística que encolheu ao redor de 80% tem enfrentado uma desaceleração importante. Este quadro exige um olhar atento para todas as direções para que nenhuma atividade fique desassistida”, completa Velloso.

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