quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Retomada do crescimento econômico por meio do investimento foi a tônica do Encontro com Presidenciáveis promovido pela ABIMAQ



ABIMAQ está convidando todos os pré-candidatos para sabatina na entidade

Três dos candidatos à Presidência da República se reuniram com associadas da entidade, no mês de julho, a fim de debaterem as reformas tributária, Previdência, monetária, fiscal, entre outras necessárias para o Brasil alcançar e manter crescimento sustentado e a indústria nacional recuperar seu protagonismo.

Para debater o atual cenário econômico e apresentar propostas de política industrial visando à recuperação da competividade da indústria brasileira de transformação e do setor de máquinas e equipamentos por meio do investimento, a ABIMAQ vem realizando sabatinas com os pré-candidatos à presidência da República. No mês de julho, foram recebidos Manuela D’Avilla (PC do B) e Aldo Rebelo (Solidariedade), no dia 13, e Ciro Gomes (PDT), no dia 17, em sua sede, em São Paulo. 

Nos encontros com os presidenciáveis, foi entregue documento intitulado ‘O Caminho para o Desenvolvimento - Uma Proposta da Indústria Brasileira de Bens de Capital Mecânicos’, elaborado pela ABIMAQ, com a finalidade de contribuir no debate com medidas indispensáveis para o desenvolvimento da indústria de transformação e na melhora do ambiente de negócios.

Manuela D’Avilla abriu sua apresentação ressaltando o esforço da ABIMAQ ao sistematizar um conjunto de propostas para o Brasil e promover sabatina para discutir saídas para a crise durante o processo eleitoral. “A contribuição da entidade é valiosa por se tratar de um segmento importante para o crescimento do País, pois acredito que precisamos compreender quais setores são estratégicos para o desenvolvimento nacional, agregam valor e geram empregos”.

Aldo Rebelo frisou que o evento é uma oportunidade de debruçar na agenda da construção do Brasil. “A ABIMAQ é referência e líder em propor e descortinar caminhos para um programa verdadeiro de projeto nacional”.

Ciro Gomes ressaltou que considera a interlocução com os empresários industriais absolutamente essencial para as percepções do Brasil e da sua crise. “A recessão é a agonia da estrutura industrial brasileira e a saída passa necessariamente por um diálogo entre o mundo político e produtivo”.

José Velloso, presidente executivo da ABIMAQ, reiterou que não existe país desenvolvido sem ter um setor de bens de capital nacional forte, pois o segmento é o que irradia tecnologia não só na indústria, mas também na agricultura e nas áreas para prestação de serviços e comércio. “Já fomos sexto maior produtor do mundo, a indústria chegou a 20% do PIB, atualmente 11%, mas pagamos 28% do total de tributos arrecadados no país”.

Confira a seguir uma síntese das principais propostas dos candidatos de acordo com os temas sensíveis à indústria de máquinas e equipamentos e de transformação:

REFORMA TRIBUTÁRIA

Os candidatos à Presidência da República defendem a simplificação do sistema tributário brasileiro. “É preciso substituir o sistema atual por um unificado sem diminuir o volume do que é arrecadado”, afirmou Rebelo.

Para Manuela, a tributação brasileira é desigual ao taxar muito quem ganha menos no Brasil e gera emprego, além de incidir na produção e no consumo, ao invés da renda, lucro e dividendos e das grandes heranças
e fortunas. “É preciso pensar numa reforma do Estado, pois quem investe no País não pode ser visto como adversário do governo brasileiro”.

Gomes tem proposta semelhante da candidata do PC do B e propõe unificar os tributos por meio do Imposto Sobre Valor Agregado (IVA). “O IVA não se desenvolveu ainda porque o Brasil tem um sistema industrial que concentra quase 80% de sua produção nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul”.

REFORMA FISCAL, JUROS E CÂMBIO

Para Manuela, o tema do ajuste fiscal passa pela recomposição da capacidade de o Estado investir e não pela sua restrição. “Que país do mundo se desenvolve e distribui riquezas que não valoriza sua indústria, tem taxa de juros gigantescas, câmbio que favorece os investidores internacionais”.

De acordo com Giro Gomes, ajuste fiscal é diminuir despesas e aumentar receita. “O buraco é tão grande que não há como fazer a reforma fiscal cortando despesas porque 97% do orçamento brasileiro são de gastos vinculados”. É preciso que a reforma seja severa, profunda, estrutural, pois esse será o caminho que nos dará um sinal de uma mudança radical na política monetária, mas apenas esse rumo não basta para mudar como demonstra a atual conjuntura econômica”.

REFORMAS PREVIDENCIÁRIA E TRABALHISTA

Segundo Rebelo, as reformas trabalhista e da Previdência precisam ter parâmetros no sentido de melhorar a economia, estimular crescimento, aumentar a competitividade do país, gerar emprego e reduzir desigualdades.

Manuela defende que haja uma auditoria das contas da previdência para fazer o cálculo do deficit e do tamanho da sonegação e assim saber qual é seu real problema. “Acredito que esse tema da diminuição da contribuição está relacionado ao aumento da informalidade na economia brasileira. É preciso também ter o assunto da Previdência dentro da ideia de que o Brasil pode reaquecer sua economia e reencontrar um caminho para o crescimento econômico”.

A candidata sugere que o Brasil debata a reforma trabalhista a partir de um referendo. “Os modelos atuais que tem sido apresentado para o País só penaliza os trabalhadores que menos recebem e aumenta o tempo de contribuição deles. Esse não é o caminho correto. Também acrescento a necessidade de reduzir a jornada de trabalho para 40 horas”.

Ciro Gomes colocou que o sistema previdenciário morreu e que é preciso resolver para não virar um buraco negro e engolir o Brasil. “Nossa ideia é trocar o método atual de repartição por um novo de capitalização individual público e sobre controle dos trabalhadores” Também queremos propor um modelo de renda mínima de cidadania para não contribuintes com condicionalidade de idade e direitos adquiridos vinculado aos recursos do Tesouro Nacional a fim de dar transparência no cálculo da previdência. A transição será custosa, mas praticável.”.

Com relação aos direitos trabalhistas, o candidato do PDT entende que é preciso abrir conversa entre os sindicatos e os empresários na direção de encontrar um caminho de convergência em que nenhuma das partes envolvidas seja derrotada ou humilhada. “Eu não sou contra a reforma, eu estou em desacordo com o sistema trabalhista atual. O meu compromisso é provocar um diálogo do tema até encontrar uma solução favorável para todos”.

FINANCIAMENTOS

O candidato do PTD citou que é preciso recuperar o papel do BNDES e desfazer a concentração bancária. “Nenhuma sociedade prosperou sem financiar corretamente os elementos essenciais para o desenvolvimento do país, basicamente infraestrutura e bens de capital.

Quanto a TJLP, Gomes enfatizou que a taxa pode voltar apenas caso tenha transparência orçamentária na diferença no custo de captação e do seu valor, porém admitiu debater o assunto.

INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

Manuela reforçou que o desenvolvimento da indústria deve ser acompanhando de investimento nas universidades públicas. “Alguns dizem que a universidade pública custa caro. Mas o lugar que produz a ciência básica brasileira que ao fim terminará na indústria de máquinas é nessas universidades”.

Conforme Ciro Gomes, o Brasil tem que montar um sistema de ciência e tecnologia de convergência estratégica entre governos e empresários. “O tema é uma centralidade do desenvolvimento, junto com da saúde, agronegócio e defesa”.

COMÉRCIO EXTERIOR

Para a candidata do PC do B, o Brasil precisa se portar no comércio internacional como protagonista da sua história. “Precisamos compreender o papel do desenvolvimento da nossa nação. Isso significa ter um governo que enfrente os desafios e saiba se portar diante do mundo ou nós seremos para sempre o quintal dos outros”.

Gomes expressa que o País deve recuperar os princípios de política externa do Barão do Rio Branco, tais como ordem multilateral centrada no direito, não intervenção, solução pacífica dos conflitos e respeito a determinação dos povos.

NECESSIDADE DE INVESTIMENTO

Para Aldo Rebelo, o caminho para o Brasil sair da crise é a retomada do crescimento da economia por meio do investimento. “É essencial ter um projeto de desenvolvimento para o nosso país, principalmente na indústria nacional. Defendo os investimentos ao setor produtivo porque sou nacionalista e acredito que podemos ter um país forte se ele tiver um setor privado competitivo e capaz de defender a nossa economia no mundo”.

Ciro Gomes enfatizou que o Brasil não tem alternativa: “Ou interrompemos a desindustrialização mais selvagem da história do capitalismo mundial e reindustrializamos o País o mais rápido possível senão dificilmente evitaremos a dilaceração da confiança do nosso povo no futuro da nação”.

“A chave é compreender que o Brasil precisa valorizar o trabalho e a indústria, e seu reconhecimento será a partir da relação estabelecida entre o setor produtivo e os trabalhadores”, conclui Manuela D’Avilla. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário