quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Na Velocidade da Mudança é tema da 13ª edição do ABIMAQ Inova

Evento deste ano fez parte da Semana Digital - Indústria Xperience, uma nova plataforma de negócios que reúne marcas expositoras e visitantes compradores das feiras FEIMEC — Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos e EXPOMAFE — Feira Internacional de Máquinas-Ferramenta e Automação Industrial

As mudanças estão acontecendo numa velocidade exponencial. Todos nós estamos sendo afetados com a inovação tecnológica e suas aplicações no dia a dia. Enquanto uns encaram como um desafio outros acreditam que é um cenário com muitas janelas de oportunidades. Para debater essa transformação com líderes de grandes empresas das áreas jurídicas, tecnologia da informação e automação foi realizado,nos dias 10, 11 e 12 de novembro,  13ª edição do ABIMAQ Inova durante a Semana Digital - Indústria Xperience.

1º DIA

REDES 5G

As ‘Redes Privadas De 5G possibilidades e desafios’ foi o primeiro tema debatido em painel com mediação de João Alfredo Delgado, diretor de Tecnologia da ABIMAQ. 

Para Sergio Sevileanu, Sales Manager Smart Grid Telecom at SIEMENS, a rede 5G vem como uma plataforma habilitadora da digitalização. “O 5G vai trazer mais capacidade, um número maior de equipamentos que podem ser conectados e mais banda larga. Então essa nova tecnologia vem complementar uma infraestrutura já existente. Com isso há um ganho de escala muito grande em se utilizar 4G e 5G porque é uma inovação global que permite interoperabilidade, principalmente entre os equipamentos terminais e de rede a fim de garantir um ecossistema muito rico para indústria”. 

Wilson Cardoso, Chief Solutions Officer at Nokia, expôs estudo feito pela Nokia com a consultoria Omdia. “O levantamento revelou que o impacto econômico do 5 G nos próximos 14 anos (2021-2035) na economia brasileira poderia chegar a US$1.2 trilhões, ou seja, temos crescimento médio do PIB sem 5G de 3% e com 5 G de 4%. Se pegarmos o segmento principal de manufatura esse impacto econômico seria de US$ 1.81 bilhões. 

Gustavo Correa Lima, Connectivity Technologies Board at CPqD - Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, ressaltou que para padronização do 4G e 5G existe um consórcio internacional chamado 3 GPP, que é braço da ONU. “Isso é resultado de contribuição de boa parte dos países do mundo por meio de pesquisa e desenvolvimento do 4G e 5G”. 

1º DIA

INTERCONEXÃO DIGITAL

Internet das Coisas e Oportunidades para o Setor de Máquinas foi outro assunto abordado no ABIMAQ Inova. 

De acordo com Fernando Caprioli, diretor de Serviços na Tetra Pak, a digitalização é importante dentro de uma fábrica, pois faz com que as decisões sejam mais ágeis utilizando dispositivos como relatórios digitais e sensoriamento de máquinas. “O grande ponto da digitalização é passar pela mudança de comportamento das pessoas na utilização dessas ferramentas, ou seja, fazer aquilo que elas sempre fizeram, mas de maneira diferente”.  

João Pratas, Product & Heavy Industry Sales Manager at Danfoss, acredita que toda tecnologia ligada à Internet das Coisas tem que ser combinadas com processos, produto e serviços. “Hoje temos um parque industrial que está caminhando para a modernização, mas ainda nos encontramos num estágio que vai precisar de uma profunda reflexão. É importante entender, quando falamos de digitalização, que é necessário ter uma visão um pouquinho mais abrangente para poder fazer esse investimento no sentido de utilizar nossa inteligência, nosso know-how para analisar ‘sintomas’ de cada fabricante”. 

Sergio Tokio Tanikawa, Gerente da Engenharia de Produto na ROMI, destacou que mesmo em um contexto de insegurança devido à pandemia, a empresa antecipou a implementação do ROMI MAAS (Machine as a Service) para aluguel de máquinas. “Com base em hardware desenvolvido e toda infraestrutura de rede nós conseguimos monitorar por meio de um sistema de telemetria o modo e o grau de utilização dos nossos produtos em campo, tornando o aluguel de máquinas um negócio viável e rentável. Hoje, passado o período mais crítico da pandemia, a tecnologia tem uma representatividade significativa no nosso business”. 

2º DIA

TRANSFORMAÇÃO

No segundo dia do ABIMAQ Inova o tema tratado ‘Gestão na Velocidade das Mudanças’.

Daniel Carvalho Luz, Head of Human Resources at Uppertools, enumerou quatro princípios para gerenciar mudanças: “Primeiro é não haverá mudança até que haja mudança comportamental. Segundo é mudar comportamento, transformar a cultura não apenas no entorno de você, mas de maneira geral e irrestrita. O terceiro é comportamento sustenta os processos e não ao contrário. O quarto é um pequeno conjunto de comportamentos tem o não linear poder de criar alto impacto”.

Para Luz, nesse ambiente de mudanças o que é mais demandado do empresário é o que é chamado de mentalidade frugal. “Isso significa eliminar desperdício, substituir atividades e rotinas que muitas vezes não estão agregando valor baseado em um pensamento bastante crítico e investindo na qualificação de pessoas. Tudo isso faz parte das demandas do momento e vai ajudar muito nessa questão de conseguir avançar”. 

Segundo Raphael Claro, Americas Industry Executive at SAP, nenhuma mudança é efetiva se não tem um alicerce muito bem criado. “Isso passa pelo banco de dados, software, controle interno da empresa, higienização de dados.  No entanto, é preciso escolher as pessoas certas e ter uma boa gestão desde o dono da empresa até a faxineira da empresa, pois todo mundo tem que estará bem alinhado aos nos propósitos dessa implementação do software”.  

De acordo com Célia Foja, Consultoria People + Strategy, as palavras chaves que temos hoje dentro deste novo contexto de transformação é a questão da expansão e da integração. “É necessário que possamos olhar além das nossas fronteiras, trazer novos referenciais que integre tudo isso. Muitas vezes, nos deparamos com muita informação e uma certa dificuldade na implementação desse novo dentro das empresas”. Ela acrescentou que é importante que nesses períodos de mudanças as empresas invistam ainda em planejamento e tenham uma liderança que possa atuar conectando as pessoas em direção do objetivo, sem esquecer da inclusão da qualificação da mão de obra.

2º DIA

LGPD

Pelo segundo ano consecutivo do ABIMAQ Inova foi debatida a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Dessa vez o foco foi como as empresas estão se adaptando com as implicações legais da entrada da LGPD. A mediadora do painel foi Remi Yun, Privacy & Data Protection Manager at Accenture.

Abilio Branco, Country Manager, CPL Data Protection Brazil na Thales Group, reiterou que o LGPD tem três aspectos principais: consentimento para usar o dado, obedecer ao princípio da finalidade e proteger o dado. “Esses três pontos dão o direcionamento para não ficarmos perdido no atendimento à lei”. Ele complementou expondo um dado do mercado da consultoria Gartner que diz que 10% dos dados mundiais são protegidos por alguma lei e regulamentação para proteção de dados. Já em 2023 serão 65%. 

Anne Joyce, sócia da Angare Angher Advogados e advogada da ABIMAQ, ressaltou que a indústria de máquinas está se mobilizando para adequar à lei. “Apesar de existir um movimento das empresas em atender à LGPD, ainda falta a regulamentação de uma autoridade nacional, pois isso está prejudicando bastante pequenas e médias empresas que estão com muitas dúvidas de como adaptar”. 

Para Fernanda Maia, coordenadora na 3L - Leonardi Legal Learning, as pessoas precisam entender que LGPD não é apenas jurídico. “A LGPD é uma lei que regulamenta tratamento de dados e na prática ela é técnica, ou seja, é uma lei multidisciplinar que afeta todas as áreas. É necessário ainda se preocupar não apenas com a base legal, mas onde ficarão armazenados os dados. Para isso é essencial discutir essas questões em conjunto”. 

Marcia Muniz, diretora Jurídica, Compliance e DPO na CISCO, sugeriu para as empresas que ainda não começaram o processo de adequação à LGPD, já pensar em como alocar horas e esforço no mapeamento de todos os dados de pessoas naturais tratados na organização. “É fundamental nessa fase um, de fazer mapeamento, que seja o mais próximo possível da realidade, caso contrário a LGPD não será efetiva. 

3º DIA

BANCOS DE DADOS E SOFTWARE

No terceiro dia do ABIMAQ Inova um dos temas debatidos foi Big Data e Inteligência Artificial. 

Fernando Velloso, diretor comercial na MVisia, explicou que para segmentar as principais necessidades da indústria brasileira, em se tratando do uso da visão computacional e da inteligência artificial, em conjunto ou de forma separada, foram formatadas soluções em quatro grandes grupos de aplicações: 1) Classificação: identificar uma determinada peça que está passando na linha de produção e falar se ela está com algum defeito ou se está boa. 2) Contagem: seja de elementos na esteira para identificar a produtividade da máquina ou até mesmo associá-la com a classificação. 3) Medição: pode ser numa dimensão 2D, quando você pega o tamanho de uma caneta, ou ser bidimensional ao pegar área de um determinado papel, por exemplo. 4) Leitura de código: rastreabilidade do produto no sentido de ter controle total de maneira eficiente da leitura, seja por meio de código de barras ou QR Code. 

Diego Mariano, CEO da Birmind, enfatizou que quando se fala de sensoriamento de dado é preciso lembrar que ele tem que estar inserido no contexto do negócio. “Por exemplo, se você falar que determinada operação está em 50 graus celsius não necessariamente gerará valor para a empresa. No entanto, se você transformar esses 50 graus celsius em um indicador, e informar que o equipamento está a 80% da capacidade e prever que daqui 7 dias ele vai falhar, você acrescentou valor à informação. É isso que o analytics e a inteligência artificial têm trazido para o mercado de uma maneira cada vez mais simplificada”. 

Carlos Grillo, Digital Business Director na WEG, abordou sobre as soluções da empresa. “Desenvolvemos, por exemplo, um sensor específico para motor elétrico. Primeiro porque fabricamos motor elétrico e segundo em razão do motor elétrico ser responsável por 70% do consumo da energia nas indústrias. Fizemos a tecnologia por meio de um sensor pequeno em que você parafusa do lado de fora do motor e ele começa a passar dados totalmente sem fio, como vibração, temperatura, potência, para cloud computing (computação em nuvem), com essa informação tratada, o gestor pode tomar decisões”.

3º DIA

BLOCKCHAIN

O segundo tema discutido no dia foi Blockchain, Gestão de Ativos, Rastreabilidade e Monitoramento. 

Christian Souza, Head of Pre-Sales and Operation na BBChain, mencionou que os setores que estão utilizando blockchain estão tendo resultados incríveis em redução de custo, aumento de receita, mais eficiência, criação de produtos e de novos mercados. “É uma tecnologia que também traz uma vantagem muito grande para indústria de máquinas, manufatura, desenvolvimento de peça e componentes e equipamentos. Além disso, é uma solução mais adequada na integração entre pessoas, entre pessoas e processos e máquinas ou até mesmo entre equipamentos e tecnologias”. 

José Reynaldo Formigoni Filho, Gerente de Soluções de Blockchain no CPQD, fez uma análise da junção do blockchain com Internet das Coisas, mas especificamente na gestão de ativos. “A tecnologia é promissora porque primeiro possibilita o monitoramento da cadeia produtiva mais segura com QR Code ou código de barra ou sistemas de controle de identidade de quem está colocando as informações no blockchain. Segundo é o uso de contratos inteligente para monitoramento ao longo dessa cadeia. Terceiro é a automatização dos pagamentos usando tokenização e com a possibilidade de tokens criptográficos”. 

Marcelo Suzuki, Business Development Specialist at Siemens, destacou sobre a tecnologia focando no mercado de food service. “É um segmento que está caminhando para essa parte de tecnologia, de controle, rastreabilidade e chegando até a aplicar algumas coisas de blockchain e inteligência artificial. Um exemplo dessa realidade é um case que temos da batata chips. Com a tecnologia foi possível fazer o rastreamento do produto desde quando foi coletado até chegar na prateleira. Além disso, dentro dessa cadeia tem ainda uma série de vantagens como a parte de trade internacional para comercialização de produtos de conseguir garantir que tudo está dentro da certificação necessária para exportação do país sem que precise ter gastos com logística”.

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