Hoje,
no Brasil, há 23,5 milhões de idosos, o que representa 12% da população
na terceira idade. Desses, pelo menos 36,5%, acima de 50 anos, tem
alguma dificuldade em realizar uma tarefa. Porém, de acordo com os
especialistas consultados, ainda faltam políticas especificas tanto na
área da saúde como na cidade para atender pessoas acima de 60 anos.
Segundo relatório do UNFPA - Fundo de População das Nações Unidas, no
mundo existe 810 milhões de habitantes acima de 60 anos. A estimativa é
que em dez anos o número salte para 1 bilhão. Desse total, pelo menos
46% têm alguma incapacidade e 35,6 milhões, problemas de demência. Já no
Brasil de acordo com a PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios, de 2011, há 23,5 milhões de idosos. Até 2025, a expectativa é
que haja, aproximadamente, 32 milhões de pessoas na terceira idade,
conforme mostra o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. Dessas, 36,5%, acima de 50 anos, possuem alguma dificuldade
de realizar uma tarefa ou incapacidade funcional.
O cenário mostra que há a necessidade de reforçar
medidas específicas para este grupo etário da população, em especial na
área da saúde. O quesito inclusão também merece atenção especial.
Segundo Fábio Bitencourt, presidente da ABDEH - Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar,
ao projetar um estabelecimento de saúde é preciso atender os anseios
dos cidadãos da terceira idade, levando em conta as suas dificuldades e
limitações para possibilitar autonomia na sua locomoção e conforto
durante a estadia no hospital”, ressalta.
Para o psicogeriatra Jerson Laks os cuidados com os
idosos devem começar desde a saúde primária como também na promoção de
programas de prevenção. “Os custos com internações e procedimentos
ambulatoriais são altos. Por isso, é importante ter uma rede inteligente
para conhecer o perfil dos problemas mais comuns e alocar recursos
conforme as necessidades locais”, afirma. “Hoje o diagnóstico para
doenças crônicas e degenerativas, demência e depressão, mais comuns em
pessoas acima de 60 anos, é tardio, além do atendimento não ser
integrado. Por conta do aumento desta parcela da população é fundamental
investir na capacitação de profissionais, adotar políticas públicas
específicas e sensibilizar a sociedade”, completa.
Luiz Carlos Toledo, arquiteto associado à ABDEH e
professor UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro, sabe bem das
dificuldades de locomover-se na cidade. Por ter uma doença degenerativa,
que afeta diretamente a sua mobilidade, ele recebe cuidados uma vez por
semana no Hospital da Rede Sarah, especializado em reabilitação.
“Quando eu preciso ir ao Sarah vou feliz da vida, porque sei que vou
encontrar um ambiente seguro e ter contato com a natureza. Porém, o
trajeto até chegar ao local é um terror. Na cidade há calçadas
horríveis, muitos buracos e, quando tem rampa, geralmente é malfeita.
Isso faz com que o idoso seja um prisioneiro na própria casa”, conta.
De acordo com ele, a falta da promoção de condições à
acessibilidade para pessoas acima de 60 anos não é problema apenas nos
ambientes de saúde. “Assim como a própria cidade é agressiva ao idoso,
grande parte dos hospitais está longe de atender as necessidades desta
parcela da população. É preciso que a sociedade encare a velhice não
como uma doença, mas como uma etapa que naturalmente faz parte na vida
de cada um”, acrescenta.
A disposição do mobiliário, áreas para convivência,
contato com a natureza, iluminação e ventilação natural, rampa,
corrimão, piso não escorregadio, banheiro adaptado e elementos
eletrônicos (elevadores, portas automáticas e Ceiling Lift, conhecido
como elevador de teto que permite o deslocamento do paciente) são
algumas das preocupações que se deve ter quando projetamos ambientes de
saúde humanizados e com acesso universal.
Para Ronald de Goés, arquiteto associado à ABDEH e
professor da UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, apesar
dos hospitais apresentarem melhora considerável quanto ao acesso de
pessoas com mobilidade reduzida, ainda assim é preciso um esforço para
recuperar 60% dos hospitais com mais de 50 anos, que estão com plantas
desatualizadas. “Infelizmente, os problemas de acessibilidade para os
idosos não se limita aos ambientes de saúde; os espaços públicos no
Brasil são uma lástima”, expõe.
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