Segundo levantamento da AMSPA – Associação dos Mutuários de São
Paulo e Adjacências, de janeiro a agosto deste ano, o número de queixas
referentes à construtora na Região Metropolitana de Campinas foi de 323
contra 236 em 2011. Entre os problemas mais comuns estão: atrasos na
entrega do imóvel, defeitos e embargo da obra e taxas abusivas como Sati
e corretagem.
A cidade de Campinas é um das regiões com destaque no Estado de São
Paulo por possuir parques industriais, comerciais, tecnológicos e
grandes polos universitários. Além disso, os investimentos relacionados à
Copa do Mundo vêm impulsionado o mercado imobiliário local. Segundo
pesquisa do Secovi - Sindicato da Habitação, de julho de 2011 a junho de
2012, foram lançados 2.546 imóveis. Porém, ao mesmo tempo em que cresce
o mercado imobiliário na região aumenta o número de reclamações contra
construtora. Atrasos na entrega do imóvel, defeitos e embargo da obra e
taxas abusivas como Sati e corretagem são alguns dos problemas
enfrentados pelos mutuários.
Esse foi o caso de Cristiane Pedrosa, que realizou o sonho da compra
da casa própria em fevereiro de 2012. Mas após fechar o negócio com a
construtora Rossi (empreendimento Villa Flora Hortolândia) os
transtornos começaram aparecer. “Como o imóvel já estava pronto fui
informada durante a venda que assim que conseguisse o financiamento a
casa seria entregue, mas para minha surpresa quando fui dar entrada na
liberação, terceiros me avisaram que não seria possível, pois o
condomínio se encontrava em processo de individualização de matrícula.
Durante a venda ninguém havia me informado sobre isso, aliás, tive o
parecer da construtora após várias tentativas de contato da minha parte.
Muitos prazos foram dados, mas nenhum cumprido até o momento”, explica.
“Estou pagando aluguel, pois vendi minha casa para poder dar a entrada
no apartamento, entre outras despesas extras e aborrecimentos gerados
por conta desse atraso”, completa.
A taxa de corretagem no valor de R$ 5.868, o pagamento do condomínio
antes de receber as chaves da casa e a correção do saldo devedor foram
outros problemas enfrentado pela mutuaria. “A cobrança dos juros foi tão
abusiva, que de fevereiro até agora (setembro), o valor do resíduo
subiu de R$ 95.620 mil para R$ 115 mil. Eu sabia que a data limite para o
financiamento era até 20 de abril. No entanto não compreendo como a
construtora colocou esse tempo sabendo que faltavam os documentos
necessários da parte deles e por conta desse erro me punem com juros
exorbitantes. Aliás, nem tenho renda suficiente para financiar essa
diferença”, indaga.
Devido a esses abusos, Cristiane procurou à AMSPA - Associação dos
Mutuários de São Paulo e Adjacências para ir atrás dos seus direitos. “A
ação vai pleitear o congelamento do saldo devedor, indenização por
danos morais pelo atraso, devolução da taxa de corretagem e reembolso
dos valores pagos pelo condomínio, pois ainda não recebeu as chaves”,
esclarece Tathiana Cromwell, diretora jurídica da entidade na cidade de
Campinas.
Situações como essas são muitos comuns. Conforme dados da AMSPA, de
janeiro a agosto de 2012, houve 323 reclamações referentes às
construtoras. Dessas, 77 dos reclamantes deram entrada na Justiça. O
resultado apresentou um aumento de 37% nas queixas e um crescimento de
64% nas ações impetradas junto ao Poder Judiciário. Os dados são
comparativos ao mesmo período de 2011, quando houve, respectivamente,
236 descontentes e 47 ações judiciais.
Para evitar problemas, seja com construtoras ou bancos, Marco
Aurélio Luz, presidente da AMSPA, aconselha os consumidores sempre ter
em mãos, no momento da compra, um exemplar da “Cartilha do Mutuário –
Volume Imóvel na Planta”, editada pela entidade. “O informativo contém
20 questões cruciais, que ajudam a esclarecer, de forma simples e
prática, as principais dúvidas e os cuidados antes de fechar a compra”,
orienta. Para ter acesso ao conteúdo da cartilha, os interessados podem
acessar o site www.amspa.org.br e baixar o conteúdo disponível em PDF.
Para aqueles que adquiriram seu bem na planta e querem se precaver
contra problemas durante a construção, a solução indicada pela AMSPA é
formar a “Comissão de Representantes”. Sua constituição está prevista na
“Lei do Condomínio e da Incorporação” e especificada no artigo 55 da
lei 4591/64. “A formação da comissão vai possibilitar, aos proprietários
de imóveis, fiscalizar a obra em fase de construção. Por meio do
monitoramento, os futuros moradores poderão ficar cientes sobre todo o
andamento da obra, desde a qualidade do material que está sendo
utilizado até o cumprimento do cronograma previsto no contrato, entre
outros procedimentos”, explica. “A união dos consumidores será
fundamental na luta pelos seus direitos, para que não sejam enganados
tanto pelas construtoras como pelas instituições financeiras”, alerta
Luz.
SERVIÇO:
Os mutuários que se encontram na mesma situação podem recorrer à
AMSPA para obter mais esclarecimentos. Os interessados podem entrar em
contato pelo telefone (19) 3236-0566 ou comparecer em uma das unidades
da entidade, com o contrato e os comprovantes do que já foi pago.
Endereços e mais informações no site: www.amspa.org.br.
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