sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Hidrogênio verde: mercado promissor para as empresas brasileiras no mercado nacional e internacional

As principais tecnologias na geração de energia, a utilização do hidrogênio verde como combustível sustentável e a demonstração do potencial do Brasil na sua aplicação e na exportação foram debatidos por especialistas em evento promovido pela ABIMAQ em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil Alemanha do Rio de Janeiro – AHK, no dia 23 de setembro  

“Existe um grande potencial para as empresas brasileiras entrarem no mercado de hidrogênio verde, seja fabricando componentes e máquinas para essa aplicação ou as que já têm soluções com base de combustível fóssil desenvolverem novos produtos contribuindo assim para a inovação”, analisou Marcelo Veneroso,  vice-presidente e membro do Conselho Administrativo da ABIMAQ, em debate que contou ainda com as participações de Ansgar Pinkowski, Gerente de Inovação e Sustentabilidade da AHK Rio, Daniel Lopes CEO da Hytron e Mentor da SAE sobre hidrogênio, Camilo Adas, presidente do Conselho da SAE no setor de Inovação e Tecnologia, José Velloso, presidente executivo da ABIMAQ, Idarilho Nascimento, presidente do Conselho de Óleo e Gás e Alberto Machado, diretor de Petróleo, Gás, Bionergia e Petroquímica da ABIMAQ. 

Veneroso acrescentou que o hidrogênio não vai ser um concorrente para os outros mercados, mas um complemento para outras fontes de combustíveis com viés sustentável e mais eficiente. “Além disso, aquele impeditivo de o hidrogênio não ser viável por causa do seu custo está se rompendo agora e já é possível viabilizá-lo com preços competitivos e com a tendência de melhoria de sua eficiência ao longo do tempo”. 

Daniel Lopes, da Hytron, comentou as oportunidades no setor de hidrogênio no Brasil tais como ter know-how para produzir H2 (hidrogênio) a partir de energia fotovoltaica e eólica, biomassa, biogás e etanol e excelente potencial para geração de energia renovável. No entanto, considera que o principal desafio para utilizar essas soluções seja o custo adicional do transporte rodoviário de cargas, levando em conta as dimensões continentais do País.    

Para Camilo Adas, presidente do Conselho da SAE, o Brasil precisa estar inserido no contexto da mobilidade do hidrogênio. “Não sabemos quando e como virá para o Brasil, mas o que interessa é que se não tivermos esse conhecimento vamos deixar de participar do jogo mundial e com isso deixaremos de ter um mercado interessante até para as próprias empresas que representamos”. 

MERCADO INTERNACIONAL

Ansgar Pinkowski, da AHK Rio, expôs, como exemplo, a estratégia nacional do mercado de hidrogênio da Alemanha. “O acordo visa a decarbonização do País até 2050. Para isso, serão investidos mais de R$ 50 bilhões em tecnologia e construção de 5 facilidades para geração de GW de H2 verde até 2030”. 

Pinkowski afirmou que a Alemanha, por questões geográficas e climáticas,  tem a capacidade de gerar apenas 11% do hidrogênio verde de que irá necessitar. “Isso abre um gigantesco mercado para outros países oferecerem hidrogênio verde para Alemanha”.

Para o representante da AHK Rio, o Brasil é muito bem posicionado para se tornar um fornecedor estratégico de hidrogênio verde para Alemanha, mas precisa abraçar essa oportunidade e trabalhar nisso. “O País possui excelentes condições climáticas e geográficas para aumentar a geração de energia elétrica a partir de energia solar e eólica; tem uma infraestrutura madura que possibilita a  construção de uma cadeia logística forte e permanente com a Alemanha; e possui um parque industrial altamente desenvolvido com um mix de empresas nacionais e internacionais fornecendo tecnologia de ponta”. 

Com relação aos resultados do primeiro mapeamento dos stakeholders com organizações internacionais, Pinkowski destacou que 80% das empresas alemãs envolvidas em fornecimento ou consumo de H2 contam com representação no Brasil e 95% das companhias do Global Hydrogen Council possuem subsidiárias aqui. “Esse resultado automaticamente responde à pergunta do estágio tecnológico do Brasil, ou seja, o País está na ponta porque tudo que está sendo feito de hidrogênio no mundo inteiro também pode ser produzido aqui no Brasil por meio de empresas já existentes”. 

Alberto Machado alertou para a necessidade de o Brasil entrar no processo buscando envolver toda a cadeia de valor e dominar tecnologia utilizada, sob pena de se tornar apenas exportador de mais uma commodity de baixo valor agregado. “É importante maximizar a participação de empresas e entidades de pesquisas nacionais de modo a capturar para o país todo o potencial industrial, tecnológico e social que certamente teremos com o domínio de todo ciclo do processo envolvido”, complementou.

Para dar respaldo aos próximos passos, será feito um mapeamento com representações setoriais, entre elas a ABIMAQ, que realizará pesquisa sobre o assunto entre suas associadas. “O passo seguinte será a criação de uma plataforma digital para a constante manutenção do cadastro, além do mapeamento do hidrogênio no Brasil em estudo que está sendo elaborado pela AHK Rio e a SAE, com o apoio da ABIMAQ”, finalizou Ansgar. 

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