João Carlos Marchesan*
As máquinas autônomas estão
chegando no campo. Esses veículos inteligentes terão autonomia não apenas de
direção, mas serão capazes de se autorregular e tomar decisões nas plantações utilizando
tecnologias como a inteligência artificial, internet das coisas (IoT), nanotecnologia,
big data, manufatura aditiva e robótica avançada. Elas estão transformando
rapidamente a produção agropecuária no Brasil e ganharão num futuro bem próximo
cada vez mais espaço nas fazendas.
Para se ter uma ideia dessa
nova realidade no setor agrícola, uma pesquisa da consultoria norte-americana
Fact.MR revela que o mercado de máquinas autônomas do agronegócio deve chegar a
R$ 836 bilhões em todo o mundo até 2031, representando um ritmo de crescimento
de 10% ao ano.
Outro estudo da consultoria
irlandesa Research and Markets, de março de 2020, aponta que o mercado de
robótica agrícola atingirá mais de US$ 20 bilhões até 2025, com um forte
crescimento de drones e máquinas terrestres sem motorista.
Sabemos que a adoção de frotas
autônomas traz maior inteligência ao processo de decisão do produtor rural.
Além disso, sua utilização contribui para a economia de tempo, por agilizar o
processo produtivo, permitir menor custo de produção e uma garantia de maior qualidade dos produtos, melhora na
produtividade e eficiência no campo, com maior controle das fases da produção, redução
nos erros do plantio e colheita e diminuição de riscos nas lavouras por conta
de fenômenos naturais e lesões graves
devido a acidentes com trabalhadores rurais.
Ao optar pelas máquinas
autônomas nas fazendas o produtor rural pode, inclusive, adquirir uma vantagem competitiva,
pois as plantações automatizadas podem oferecer melhores preços dos produtos e
maior qualidade. O agricultor pode ainda, investir na sustentabilidade com técnicas
que economizam recursos, como o reuso de água.
No entanto, infelizmente,
ainda existem gargalos para o avanço de máquinas inteligentes no campo. Entre
os obstáculos estão o aprimoramento das tecnologias de localização, como o GPS,
que apresenta falhas em áreas encobertas pela vegetação, por exemplo; aperfeiçoamento
dos sensores para gerar mais segurança para a operação quando surgem
adversidades, melhora nas condições de conectividade no campo, com o
adensamento de antenas de telecomunicações; e progressão na legislação que
regulamenta o uso de frotas autônomas.
Outro fator dificultador na
modernização do campo é a qualificação dos profissionais que operaram as máquinas
e os técnicos
das ciências agronômicas que analisam os dados que serão transformados
em informação e conhecimento. Nesta capacitação, é necessário incluir
também o gestor ou proprietário da fazenda a fim de ter conhecimento das
inovações e disposição para aplicá-la na propriedade.
Nunca mais veremos o campo da mesma maneira. No
passado, a lógica da agricultura era: “Meu filho, se você não estudar, vai
ficar na roça”. Hoje, com tanta tecnologia embarcada nas máquinas, o conceito
é: “Meu filho, se você quiser ficar na roça, vá estudar”.
Indiscutivelmente, a automação de máquinas nas
lavouras é um movimento sem volta. Essa evolução deve ser encarada como uma boa
notícia pelos agricultores rurais. O desenvolvimento no setor agrícola está
chegando para trazer mais eficiência e produtividade para as propriedades, ou
seja, aumentando os ganhos para o agricultor. A tendência é que essas
tecnologias evoluam ainda mais e tornem o agronegócio cada vez mais forte não
só no Brasil, mas também em todo o mundo.
*João Marchesan é
Administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração
da ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos.
https://summitagro.estadao.com.br/colunistas/a-era-das-maquinas-inteligentes-no-campo/
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