Depois
do atraso de mais de um ano para a entrega do imóvel, Vagner Balassoni
Garcia teve seu pedido, de financiamento pelo “Minha Casa Minha Vida”,
negado pela Caixa. O motivo alegado foi que o valor do imóvel
ultrapassou o limite de R$ 170 mil, estabelecido pelo programa do
governo. Para a AMSPA – Associação dos Mutuários de São Paulo e Adjacências,
nesses casos é importante que o dono do bem recorra à Justiça para
garantir os seus direitos previstos no contrato com a construtora .
Em recente entrevista ao programa semanal “Café com a Presidenta”, Dilma
Rousseff informou que o governo vai investir R$ 150 bilhões até 2014
para construção de 2,4 milhões residências dentro do programa “Minha
Casa Minha Vida” (MCMV). Além disso, a CEF – Caixa Econômica Federal
divulgou no Diário Oficial da União, de 29 de agosto, a destinação de R$
46,7 bilhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para o
programa MCMV. A meta da CEF é construir 600 mil moradias para famílias
com renda de até R$ 3,1 mil e mais de 200 mil para ganhos de até R$ 5
mil.
Porém, atrás do boom das construções destinadas às
famílias de baixa renda há vários problemas como, a adoção de material
de baixa qualidade e problemas estruturais. O principal fator de risco,
porém, o não cumprimento do prazo da entrega da obra, que tem levado o
comprador a perder o subsídio, devido o valor da propriedade ultrapassar
o limite estabelecido para financiamento pelo Minha Casa Minha Vida.
Esse foi o caso de Vagner Balassoni Garcia que, depois do atraso de mais
de um ano, viu o valor do seu imóvel passar de R$ 130.590,51 para R$
180 mil. O aumento foi ocasionado pelas correções do INCC – Índice
Nacional de Custo da Construção e a valorização do imóvel, por isso, o
empreendimento perdeu o direito ao MCMV.
Por medo de perder todo investimento já feito com a
construtora, Garcia acabou aceitando o financiamento bancário, mesmo
sem o benefício do programa do governo. “Com essa opção tive o prejuízo
de mais de R$ 7 mil, os juros subiram de 6% para quase 9% ao ano. Além
disso, o saldo devedor aumentou de R$ 92 mil para R$ 140 mil, o que fez
subir o valor da parcela de R$ 750 para mais de R$ 1.300. Isso sem falar
que, com o atraso na entrega, tive despesas de aluguel, seguro fiança e
impostos”, relata. Por conta desses problemas, o mutuário está
pleiteando na Justiça indenização da incorporadora, pelo não cumprimento
do contrato, danos materiais (perda do subsídio e pagamento de aluguel)
e a cobrança das taxas abusivas (SATI e corretagem).
Para João Bosco Brito, assessor jurídico da AMSPA – Associação dos Mutuários de São Paulo e Adjacências, situações
como essa são muitos comuns. “Nesses casos, aconselhamos o adquirente a
procurar à Justiça, para que a correção do valor do imóvel seja feita
com base na data estabelecida, em contrato, para a entrega do imóvel”,
esclarece. “O Poder Judiciário tem concedido liminares para que o
proprietário consiga fazer o financiamento pelo MCMV, dentro dos limites
da renda dele”, completa. “Já para aqueles como o caso do Vagner, que
aceitou financiar sem o subsídio, a melhor saída é entrar com uma ação
pedindo indenização pelo atraso, danos materiais e lucro cessante, ou
seja, do que deixou de ganhar”, orienta.
Segundo Brito, é importante que o futuro
mutuário faça um levantamento prévio sobre a construtora para que não
seja pego de surpresa com problemas futuros. “O consumidor deve pedir a
certidão de ônus reais da incorporadora no Cartório de Registro de
Imóveis e solicitar uma certidão da incorporadora junto ao setor de
empreendimentos da Prefeitura. Além disso, deve verificar junto à Caixa
ou procurar a AMSPA para ver se a construtora está
enquadrada no MCMV e qual o seu status de aprovação de subsídios pela
instituição financeira”, explica. Fotografar o estande de vendas,
guardar o folder ou outro material que comprove a promessa do subsídio
do programa são outras precauções fundamentais para proteção do
consumidor.
Outro cuidado para evitar a recusa do
financiamento do programa Minha Casa Minha Vida é fazer uma projeção do
salário e do valor do imóvel após a entrega das chaves. “Na simulação
será analisada a correção com base no INCC, a valorização do imóvel e a
renda do consumidor”, ressalta. “Essa avaliação será essencial para que o
proprietário possa fazer um fundo de reserva, para cobrir a diferença
do valor no momento da liberação do Habite-se ou até mesmo optar por
outro empreendimento com preço menor e não correr o risco de perder o
benefício mais adiante”, acrescenta.
Saiba mais sobre o programa Minha Casa Minha Vida
Lançado pelo governo com objetivo de
reduzir o déficit habitacional no País, o programa “Minha Casa Minha
Vida” (MCMV) foi instituído em maio de 2009. O subsídio é fornecido para
pessoas que recebam entre R$ 1.600 a R$ 5 mil, com o teto de R$ 170 mil
para residências na cidade de São Paulo. Para aderir ao financiamento é
necessário que as prestações não comprometam mais de 30% da renda
familiar. O imóvel pode ser financiado em até 100% e com taxas de juros
de 5% a 8%, dependendo da capacidade de pagamento do proponente, da
análise de risco de crédito e da definição do tempo das prestações
(mínimo de 120 meses e máximo de 360 meses).
SERVIÇO:
Os mutuários que se encontram na mesma situação podem recorrer à AMSPA
para obter mais esclarecimentos. Os interessados podem entrar em
contato pelo telefone (11) 3292-9230 ou comparecer em uma das unidades
da entidade, com o contrato e os comprovantes do que já foi pago.
Endereços e mais informações no site site: www.amspa.org.br.
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