terça-feira, 23 de julho de 2013

EMPREENDEDOR CONTA OS DESAFIOS PARA MONTAR NEGÓCIO DE SUCESSO

O mineiro Jaime Aragon saiu da cidade de São Miguel do Anta (MG) aos dez meses de vida para morar em São Paulo. O empresário já trabalhou como feirante, vendedor, office boy e abriu negócios na área de papelaria, videolocadora e confecção de bordados. Hoje é responsável pelo Grupo Aragon, empresa pioneira em implantar a comunicação visual em tecido no mercado publicitário.

Segundo pesquisa da Endeavor, organização internacional sem fins lucrativos que promove o empreendedorismo, o número de empreendedores no Brasil cresceu 44% nos últimos dez anos. De cada quatro brasileiros, três querem ter o próprio negócio. Atualmente, 28% dos brasileiros já conseguiram. Nesse perfil encontra-se Jaime Aragon, presidente do Grupo Aragon.

Para conseguir o seu objetivo, Jaime começou cedo a trabalhar. Aos nove anos, fazia “bicos” aos finais de semana na feira. Depois foi vender coxinha na estação de trem e sorvete nas ruas da cidade Carapicuíba, na Grande São Paulo. “Nessa época saia com minha caixa de isopor, com os produtos que minha mãe fazia, mas nem sempre voltava com o dinheiro, pois meninos maiores me roubavam”, conta. “Sempre quis ter meu próprio dinheiro, por isso, desde pequeno já fui atrás dos meus sonhos”, completa.

Apesar dos contratempos, após um período ele conseguiu o primeiro emprego como office boy. Mas a grande oportunidade na carreira veio aos 19 anos, para trabalhar numa multinacional alemã, especializada em materiais semicondutores. Devido à crise financeira fez com que a empresa abrisse programa de demissão voluntária. “Depois de dois anos na organização, vi que aquela era uma chance para abrir meu próprio negócio. Então, com o dinheiro da rescisão e da venda da minha Brasília, apostei no ramo de papelaria”, relata Jaime.

Mas o perfil de negócio não o agradou e, após um ano e meio, abriu uma videolocadora. “Eu comprava grande quantidade de filmes para colocar na loja e revender a custos menores aos estabelecimentos de pequeno porte do ramo. Nesse meio tempo, conheci meu futuro sócio. Ele me que propôs montar uma rede de videolocadora, mas não aceitei porque com a chegada da rede Blockbuster ao Brasil. A concorrência na área seria grande, daí ele sugeriu comprar uma máquina de bordado”, relembra.

Bordado no avesso

Para adquirir o equipamento era necessário investir US$ 100 mil. Depois da compra, os desafios começaram a aparecer: o primeiro foi conhecer o negócio; o segundo, como manusear a máquina. Além disso, após quatro meses, faltava dinheiro para arcar com as prestações de US$ 10 mil. “A primeira encomenda que conseguimos, entregamos com o bordado no avesso. Não tivemos prejuízo maior porque o cliente pagou metade do valor”, diz.

A Aragon Bordados começou a dar certo quando Jaime apostou no bordado de produtos infantis. “No período de um ano adquirimos mais duas máquinas e alugamos outro espaço para dar conta dos pedidos”, comemora. Enquanto isso, as duas lojas da videolocadora começaram a ficar no vermelho e a alternativa foi vender uma e fechar a outra.

Outra oportunidade de negócio surgiu em cima de um ‘prejuízo’. Após o dono de uma confecção de bonés desaparecer, deixando seus funcionários à mercê, Jaime assumiu a empresa que produzia de 10 a 15 mil bonés por semana. Também na época, por sugestão de um amigo, o empresário apostou na técnica de transfer sublimático (impressão de imagens ou figuras em tecidos) e com isso abriu duas lojas uma no Brás e outra no Bom Retiro, no centro paulistano. “Por conta dos riscos do comércio, que uma hora dava muito lucro, a ponto de passar de 10 a 45 funcionários, e outra deixava as finanças péssimas, decidi fechar as lojas”, expõe Jaime.

A opção de voltar para a confecção de bonés e de bordado não foi a mais correta. “Apesar do sucesso do negócio, que chegou a ter 11 máquinas, queria ter liberdade de trabalhar no que acredito, por isso, decidir terminar a sociedade com meu amigo. Foi dessa vez que fui trabalhar com comunicação visual em tecido”, acrescenta.

O negócio iniciou a deslanchar quando passou a atender as principais agências de propaganda e os departamentos de marketing de grandes companhias. “Fui a uma agência à qual apresentei um banner em tecido. Os executivos adoraram. Depois disso, por necessidade dos clientes, apostei na confecção promocional de bolsas, sacolas, ecobagsnecessàires, camisetas, entre outros produtos”, relata.

O Grupo Aragon tornou-se um fenômeno empresarial, capaz de crescer, em média, mais de 10% ao ano. “A empresa virou referência no mercado de publicidade, por inserir a impressão digital sobre tecidos na produção de banners, faixas, painéis, flâmulas e em design customizado. De seis funcionários no início passamos a ter 146, sendo que grande parte dos colaboradores mora próximo do trabalho”, ressalta. “A próxima meta da empresa é aprimorar os processos de gestão de qualidade para a obtenção da certificação NBR ISO 9001. Além disso, a produção de peças de comunicação visual para PDV (técnica que permite a impressão de material rígido como acrílico, chapa de alumínio e azulejo, etc.) é o próximo passo”, adianta Jaime.

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