Enquanto diversos setores da economia brasileira tiveram que lidar com enormes prejuízos causada pela Covid-19, o agronegócio manteve seu crescimento graças à produção de grãos e às exportações agrícolas de commodities e de equipamentos. Contexto esse que demanda dos produtores, recursos para aquisição de máquinas e equipamentos agrícolas, insumos e, construção de armazéns. No entanto, conforme já prevíamos, pelo ritmo de desembolsos, os recursos disponibilizados para o Plano Safra 2020/21 não serão suficientes para suprir essa demanda.
A disponibilidade de
linhas de financiamentos a custos competitivos e em volume de recursos adequado
à demanda do setor, são fatores essenciais para a continuidade da reposição dos
equipamentos, aprimoramento tecnológico da frota e manutenção da produtividade,
evitando interrupções que para o setor são extremamente danosas em função da
natureza dos produtos.
Além disso, a previsibilidade
e estabilidade na oferta de crédito são fundamentais para elaboração do
planejamento empresarial notadamente nas decisões de investimento. A
descontinuidade na oferta de financiamento é altamente perniciosa para a
indústria que se vê obrigada a parar a produção com prejuízos irrecuperáveis.
Estas interrupções se somam ao custo Brasil onerando as indústrias e
consequentemente o agricultor. Por outro lado, o agricultor fica com janela de
compra menor, nem sempre comprando na melhor época.
Vale destacar ainda que
volumes de recursos adequados é fator de previsibilidade e estabilidade no
sistema de comercialização de máquinas agrícolas. Agricultores podem planejar
suas compras na época adequada e o fluxo de negócios não sofre paradas que se
ocorrerem trazem prejuízos para todos os participantes do sistema.
Outro ponto que se deve
em levar em consideração são financiamentos com juros fixos para que o
agricultor possa conhecer o valor das prestações facilitando a tomada de
decisão. Ressalto que esses juros devem ser compatíveis com a atividade econômica.
Para que o segmento de
máquinas e implementos agrícolas possa dar continuidade ao seu crescimento e,
consequentemente, seguir contribuindo com a retomada econômica do país, reforçamos
a necessidade de aporte adicional de recursos para alguns dos programas que
compõem o Plano Safra 2020/21.
Os recursos do Programa
de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e
Colheitadeiras (Moderfrota) necessitam de aporte de R$ 7 bilhões. O Programa
para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) carece de custeio de R$ 3,8
bilhões. A linha Inovagro precisa de incremento de R$800 milhões. Já o Pronaf
Mais Alimentos requer acréscimo de R$1,8 bilhão. Esta situação influencia
diretamente na movimentação dos negócios no segmento agroindustrial.
Por outro lado, além da
mobilização junto ao governo, a ABIMAQ também está em busca de soluções próprias
e favoráveis junto aos bancos privados. Nessas reuniões pedimos a fixação de
taxas para as linhas próprias dessas instituições semelhantes às já existentes
no mercado oriundas do Plano Safra a fim de contribuir para alavancagem do
agronegócio brasileiro. Sabemos que não é fácil, mas estamos trabalhando para
tentar viabilizar o suplemento desses recursos.
O segmento agrícola está
investindo, renovando seu parque de máquinas, que tem 50% da frota com idade
média de 10 a 15 anos de uso. Não podemos perder este momento de contínuos
investimentos na modernização, levando em conta que estamos entrando na era da Agricultura
4.0. Por tudo isso, continuaremos nossos esforços para encontrar uma forma de
administrar a escassez dos recursos agrícolas.
João Marchesan - Administrador
de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ –
Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário