Por José Cleber do Nascimento Costa*
Administrar um hospital não é uma das tarefas mais fáceis. Num país,
como o Brasil, marcado por diversidades nas necessidades locais, o
desafio é ainda maior. Porém, contar com um profissional especializado
para gerir uma instituição de assistência à saúde é fundamental para que
proporcione um melhor atendimento ao público e promova condições de
trabalho mais adequadas às equipes de saúde. Porém, existem várias
formas de gestão de um ambiente de saúde que contemplam tanto o setor
público como o privado. Estes últimos divididos entre lucrativos e não
lucrativos.
Os hospitais privados com fins lucrativos,
normalmente pertencem a famílias, grupos médicos ou empresas médicas,
como medicinas de grupo e cooperativa médica. Já os estabelecimentos de
saúde sem fins lucrativos, geralmente são geridos porirmandades, santas casas, hospitais religiosos e outras formam o grande parque hospitalar brasileiro.
Atualmente existem mais duas formas de gestão: a)
Parceria Pública Privada (PPP) - quando há um contrato de longo prazo,
normalmente superior a 10 anos, e uma empresa ou um consórcio de
empresas se dispõe a administrar um aparelho público de saúde –
hospital, Unidade de Pronto Atendimento (UPA), maternidade, unidade
básica de saúde, e etc.; b) Organizações Sociais de Saúde (OSSs) - forma
de gestão que tem tido uma enorme dimensão em todo país. Na verdade, é
quando por chamamento público ou licitação, uma entidade sem fins
lucrativos passa a administrar um aparelho público de saúde.
A vantagem de falar em Parceria Pública Privada é que
ela é uma gestão de longo prazo, normalmente por 10 anos. Com isso
garante uma administração estável. No entanto, a PPP é como uma entidade
lucrativa, os custos para o Estado são maiores, já que há uma maior
carga tributária e uma parcela das receitas é destinada a pagar os
investimentos e remunerar os investidores.
Já as OSSs tem a desvantagem de ter contratos
menores, geralmente de 1 a 5 anos, mas tem inúmeras vantagens, tais
como: a) os eventuais resultados econômico-financeiros são reaplicados
no próprio hospital, em prol da comunidade e da assistência; b) as metas
quantitativas e qualitativas são acompanhadas rigorosamente, todo mês;
c) Com a formação de um Conselho de Administração da comunidade, existe
um verdadeiro controle social sobre a entidade; d) Os serviços
compartilhados (RH, Jurídico, Contabilidade, TI, etc.), fazem com que os
custos totais sejam menores; cabe destacar que alguns contratos de PPPs
também têm a previsão da atuação de uma CSC – Central de Serviços
Compartilhados; e) Como as OSSs normalmente dirigem muitos hospitais
nesta modalidade por todo o Brasil, a sinergia, troca de experiência e
ajuda para problemas emergentes é enorme; f) não há lucros e tributos
envolvidos.
Tanto as PPPs como as OSSs são opções de modernização
da máquina estatal, e tem grande capacidade de atender a lei de
responsabilidade fiscal, maior agilidade que a máquina pública, é menos
burocrática e os resultados assistenciais, sociais e humanos aparecem
com impressionante velocidade.
Não importa que tipo de modalidade será administrado:
um estabelecimento de saúde, seja OSSs ou PPPs, entre outros. O mais
importante é oferecer um serviço de excelência tanto para pacientes como
para todos os profissionais envolvidos no ambiente hospitalar. Para
isso, é essencial atentar-se aos seguintes principais regras:
1)Na dúvida, pró-paciente, ou seja,
qualquer problema que ocorra no hospital, a prioridade de resolver é
sempre em prol das pessoas atendidas;
2) Racionalize e simplifique - sempre é possível;
3) Qualidade deve ser regra e não exceção;
4) Trate bem todas as pessoas que circulam, trabalham e utilizam um estabelecimento de saúde;
5) Seja honesto com seus princípios, valores e com a ética.
Gerir um ambiente de saúde é um desafio, porque
envolve a questão dorecrutamento, seleção, admissão, treinamento e
retenção de talentos médicos, de enfermagem e de outras áreas são
cruciais. Além disso, é preciso pensar na logística de materiais e
medicamentos de uso no paciente, bem como em outros insumos também é
preponderante. A implantação de uma cultura profissional de
administração ao lado de uma de qualidade assistencial é outro ponto
para reflexão. A manutenção e atualização do parque de equipamentos,
instrumentos, áreas físicas e tecnologias é mais um. Assim, são vários
os obstáculos, que normalmente são superados por um entendimento dos
problemas de saúde de uma comunidade, da análise epidemiológica desta
comunidade, do mapeamento estratégico feito ao lado de um bom plano
diretor de medicina, ambos norteados pelo BSC – Balanced Scorercard, uma
ferramenta de gestão cada vez mais utilizada para gerir
estabelecimentos de saúde. O financiamento e o acesso aos serviços de
saúde também são desafios permanentes, bem como a oferta de novos
serviços à comunidade.
Já os cincos erros que podem comprometer uma gestão eficiente são:
1) Ver a saúde como um negócio pura e simplesmente;
2) Não gostar de fazer bem ao próximo;
3) Tratar mal colaboradores, pacientes, médicos e demais pessoas que frequentem um ambiente de saúde;
4) Descuidar das tecnologias;
5) Agir sem princípios.
Enfim, são muitos desafios que só entidades sérias e preparadas estão aptas a superá-los.
José Cleber do Nascimento Costa é administrador
hospitalar, com mestrado pela Universidade Mackenzie, MBA pela FIA-USP,
membro da Academia Brasileira de Administração Hospitalar,
vice-presidente de Gestão Administrativa da ABDEH – Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar(www.abdeh.org.br) e atual diretor geral do INDSH – Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (www.indsh.org.br). E-mail: linkindsh@linkportal.com.br.
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